sexta-feira, 26 de junho de 2009

Em palavras

Fui internada de novo... muitos remédios... quando durmo não sonho... apenas deixo de existir... em paz... mas acordei, e vi meu corpo feito de palavras... não palavras inscritas...eram narrativas se sobrepondo, histórias se aprofundando... não há sangue, não há ossos, não há pele, apenas letras que me sustentam e correm em meu corpo.
Sinto-me viva! Feliz por essas palavras dentro de mim, que me vem à pele...
Mas as palavras começam a me abandonar, corri, em busca de socorro e elas caíam... fui me dissolvendo...
Vi, as palavras que sou, caídas ao chão... sua coesão agora esparsa em Dada, mas ainda era eu...
Tive medo, então tentei juntá-las... colar e engolir as letras perdidas, mas elas voltavam a cair...
já desesperada pelo vazio que sentia, olhei ao redor e achei belo o desconexo em mim... sorri... esvaí-me.

Não, não me junte. Agora faço sentido.

Anna

sábado, 16 de maio de 2009

Novos traços

Nos parcos minutos que restavam da hora do almoço gostava de ficar por ali na praça, escrevendo, às vezes lendo. Ansiava por esse instante. Na escrita, encontro a plenitude, nada mais importa.
A avistei de longe, num banco próximo, lendo, parecia tão menina. Espiei o título do livro, filosofia, hum... interessante. Devia estar fazendo trabalho de escola. Se não fosse o livro não a notaria. Voltei para o meu caderno.
Novo dia, e lá estava ela, novamente lendo. Estranho. Uma pequena curiosidade surgiu. Tentava escrever, mas meus olhos a procuravam. Olhava seus traços, seu prazer com a leitura. Sorria ao ler determinado trecho, marcava. Fechava o livro, os olhos e sorria. Que livro estava lendo?
E assim passei duas semanas, desviando o olhar de meu caderno, para olhá-la, mas sem coragem de me aproximar.
Mais uma semana, olhei ao redor e não a vi. Sentei-me, peguei meu caderno e dei continuidade a minha escrita, logo o mundo ao meu redor sumiu. Só eu e meu caderno. Alguém sentou ao meu lado, ergui os olhos e ali estava ela, seu cheiro me invadiu. Sem jeito volto meus olhos ao caderno, buscando proteção, mas não adianta, teimosamente eles voltam para ela. Deveria falar algo... Não sei o que falar! Idiota!
A hora passou rápido. No dia seguinte esperei ela sentar num banco e sentei ao seu lado. Sem coragem de falar coisa alguma, mas sentindo o seu cheiro. Que patético! Não acredito que isso está acontecendo comigo.
‘Não vai falar nada?’
Assustei-me ao ouvir sua voz. Continuei sem fala. Nem um oi gaguejado. Sorrindo, ela continuou:
‘Estás me observando há um tempinho, hoje sentastes do meu lado...’
‘E-eu...’ Ácida? Estaria debochando de mim?
‘Eu, vi você sempre lendo, chamou minha atenção.’
‘Livros, minhas fugas. Uma fuga necessária!’
‘Sim, uma fuga...’
‘Preciso ir, tchau.’
‘Tchau’
Como fui idiota, e ela foi embora. Sinto-me só. Por que achei que ela poderia caminhar ao meu lado? Deve estar rindo de mim. Ácida. Interessante, cada vez mais interessante.
Mais um dia, olho ao redor e não a vejo. Termina o horário do almoço, e nada.
Dois dias se passaram e ela sumiu. Só me resta voltar para minha solitária escrita. O que eu esperava? Volto ao meu caderno, três dias de rabiscos. Ei, acorde, você tem muitas histórias para contar! É isso aí. Minha caneta voltou a deslizar sobre o papel, as letras e palavras se formando, ganhando coerência em minhas frases. Fecho os olhos e sinto o prazer da escrita me tomar.
Chegou a sexta-feira, voltei aos meus instantes extasiados de escrita, a menina, uma vaga lembrança.
‘Oi’
Ao ouvir sua voz, prendi minha respiração. Que ridículo. Meio sem jeito respondi:
‘O-oi’
‘Me espera aqui, às cinco?’
‘Cinco?’
Ela sorriu de forma matreira, sorrindo.
‘Hum, hum. Cinco.’
Ela está de sacanagem. Devia rir, e dizer: ‘eu não, estás louca?’ Mas só saiu:
‘Tudo bem, espero.’
Longa tarde... Pensei em não ir. Era alguma sacanagem, só podia. O que eu conversaria? Sobre livros, isso, isso. Ela gosta de ler. Mas só pensava em beijá-la, tirar sua roupa, depois conversar. Ela percebeu? Será que pensa o mesmo? Não trabalhei, só enrolei, só pensava nela. Um beijo, não seria nada mal.
Cheguei na praça e sentei no banco. Cinco e cinco. Cinco e dez, e nada. Fiz papel de idiota, levei um cano. Deve estar em algum lugar com uma amiga me olhando e rindo de mim. Que raiva! Foda, isso. Cinco e quinze.
‘Oi, desculpa a demora.’
Devia xingar, mandar à merda. Mas, de mansinho, apenas disse:
‘Oi’
Ela sorriu pra mim, maravilhoso sorriso. Prendi a respiração de novo. E num tom meio malicioso:
‘Moro aqui perto, vamos lá pra casa?’
Casa? Estou sonhando? Entendendo tudo errado? Chegamos a um pequeno apartamento, um quarto, sala-cozinha. Poucos móveis, funcionais, obviamente desprezados. Muitos livros, sobre o sofá, na mesa, no chão, empilhados, espalhados. Estes sim, obviamente necessários. Tentava ler seus títulos. Mas ela se aproximou de mim, olhando nos meus olhos, exigindo minha atenção. Hipnotizante. Toca o meu rosto. Seus dedos suavemente deslizam pelo meu rosto. Não escondo minha surpresa, mas desta vez estou sorrindo. E, também toco o seu rosto. Olha pra mim maliciosamente e diz:
‘Pegue.’
Ofereceu-me uma caneta. Não entendi o que queria com aquela caneta.
‘Pra quê?’
‘Você escreve, certo?’
‘Sim, mas...’
Ela interrompe minha fala, ao tirar sua blusa e o sutiã. Parei, olhando seus seios, sua pele branca, linda. Sonho? Realidade?
‘Vem, escreve em mim.’
Não, delírio. Não acreditei no que ouvi. Desejo e medo. Segurei a caneta e me aproximei, toquei seu rosto, e com as pontas dos dedos desci até seu pescoço, seus seios. Minha caneta hesita, faltam palavras, sobra paixão. Ela se aproxima de mim, e me beija, ardentemente. Afasta-se e sorri.
‘O que tens a dizer sobre mim? Vem, escreve, não quero esperar mais.’
Deixo as palavras virem:
“Estou de passagem em teu corpo, uma viajem que ansiava, mas dela só imaginava o banal. Contrariando-me, ofereces teu corpo para que eu me inscreva nele. Tua pele branca recebe essas letras, incertas, traços incoerentes, trêmulos no gozo que se aproxima...”
Minha mão já não conduz a caneta, desliza sobre sua pele, tento vencer o tremor. Ainda não terminei a minha escrita, mas o desejo toma conta de mim. Beijo-a e tento abrir o botão de sua calça. Ela me afasta. Ofegante, fico sem entender.
‘Não.’
Não compreendo o seu não.
‘Quero tua palavra, quero você se revelando em mim. Agora, meu corpo é para tua escrita.’
Olho pra ela e não acredito. Não acredito como ela pôde ver tão profundamente o meu eu. Olho para a caneta em minhas mãos. Toco o seu rosto, que agora está ansioso, temeroso. Sorrio. Suavemente a acaricio, e beijo seus lábios. Volto ao seu corpo e continuo a escrever. Já não caminho só. Ela está ao meu lado margeando a vida. Encontrei a escrita plena. Ela me chama:
‘Olha pra mim.’
Olhei, e ali nos encontramos, cúmplices. Ela se aproxima e me beija, ofegante. Agora, é seu corpo que está trêmulo, impaciente. Suas mãos percorrem meu corpo, tiram minhas roupas e se livram do que resta de suas roupas. Sussurrando ela me diz:
‘Me leia.’


Ariel


terça-feira, 17 de março de 2009

O Nada...


Procuro portas para o nada.
São as únicas que podem indicar um caminho.
Busco a liberdade do nada,
a liberdade de construir minhas saídas e meus caminhos.
Alícia

domingo, 15 de março de 2009

Devir

Ruínas... ah! Isadora, você não compreende a casa.
Não sabes o que é ruína... você se reconstrói todos os dias, não é?
O novo... sobre o velho... dia após dia...
Eu sou ruína! nunca soube ser parede e me proteger do mundo fora de mim... Nunca soube onde encontrar uma porta para fugir do mundo dentro de mim... Nasci ruína... vidro quebrado... tijolo esmagado... janela sobre o chão... estilhaços... deixo a vida desprender de mim...
Fragmentos do eu... devir pessoa...
Anna

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ruínas


Quando vi a antiga casa em ruínas, que por muito tempo tentaram manter incólume, estática, senti-me atraída por ela. Lá estava, abandonada, distante da rua, aos fundos do terreno, tijolos e telhas espalhados ao chão. Restos de vidas. Fragmentos dispersos de histórias não contadas. Mal contadas.
Perto dela impressionei-me pelo seu mau cheiro. Estranho, parecia há tempo abandonada. E, realmente estava. Em seu porão, gente, também abandonada, morava. Compreendiam-se em seu abandono.
Uma escada lateral, fez-me perceber que a frente da casa era em outra rua, paralela. Subi as escadas, desviando dos tijolos e janela caídos sobre a escada. A casa se desfazia. Diante da casa testei sua porta azul. Curiosamente trancada, entrei pela lateral, cuja parede já havia desmoronado. O ranger do assoalho me alertava para o perigo. Sim a casa poderia ruir. Não me importo. Também posso ruir, a casa não se importa. Vasculho os cômodos, vazios. Mas isso já esperava, o que incomodava era a ausência de sentido para eles. Não estavam apenas vazios de móveis, mas de recordações da história passada naqueles cômodos. A casa parecia ausente em sua própria história. Não senti tristeza, nem curiosidade, apenas compreensão. Despedia-se, pois seu tempo havia passado. Entendi sua partida. Continuo caminhando por seus cômodos, tristes. Apáticos. Deparo-me com uma escada incerta, que revela o céu. Soturno. Subo os degraus apodrecidos até o sótão, limpo, lavado pela água da chuva, iluminado pela luz do dia. Solitário em um canto, um sofá descansa. Sentei-me nele, e só então contemplei a ruína de minha vida. Como a casa, minha história já não ecoa em mim. Em algum momento, deixei o passado, ileso. Abandonado. O passado não me fere, nem incomoda. Apenas me é indiferente.
Permaneço sentada no sofá, observo a cidade em seu ritmo desenfreado. Muitos passam, ninguém nos vê. Eu e a casa nos entendemos em nossa ruína, como ela e seus moradores se compreendem em seu abandono. O telhado desmoronado oscila sobre mim, olho o céu coberto de nuvens cinza, densas. Uma tempestade se aproxima, penso em ir embora, mas permaneço. Não quero abandonar a casa, não quero ser mais uma pessoa a ignorar a sua história. Penso, que se eu sair e lhe der às costas, ela ruirá. Espero a chuva, que logo chega. A chuva nos banha. Suas águas sobre mim, renova-me, faz-me sorrir, lembranças felizes da infância, desejo de passado. Para a casa, invade suas entranhas, cava sua queda. Enterra seu passado.
Poderia esperar ruir junto à casa. Mas ao contrário dela, eu tinha um presente. Agora, a casa me sufoca.
Levanto-me, busco uma fuga. Já na sala, procuro o vão deixado pela parede ausente, mas a porta azul atrai minha atenção, e nela vejo uma chave. Pensando em respeitá-la abro a porta e saio, talvez seja a última pessoa a passar por ela. Sigo adiante. Também dou às costas a casa. Esqueço-a. A casa só restava um passado esquecido. A mim, um futuro a ser reinventado a cada manhã.


Isadora

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Punctum

Li certa vez, que a fotografia pode ferir.
Pode me mortificar. Seu punctum é uma picada, um corte.
Será que as fotografias ainda nos ferem?
Ou apenas lhes conferimos um banal olhar?
Indiferente.
Transformamos a fotografia num objeto de esquecimento?
Você ainda é ferido pela imagem?
A guerra, a fome, a morte lhe ferem?
Alícia

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Invisíveis

Sinto-me angustiada hoje. Todas as paredes comprimem-se ao meu redor. As vozes das pessoas me sufocam. Não quero ouvir. Saio a esmo pela cidade, buscando alívio no som dos motores dos carros. Buzinas. Vozes e músicas que se confundem. Barulho, só barulho, nada de palavras claras, frases significantes. Insignificantes. Fuga. Meus passos firmes pelas ruas são de fuga. É madrugada, e o ar gelado não cura minha angústia. A noite parece ter perdido seu efeito terapêutico sobre mim. Não há fuga. Paro para acender o cigarro e só daí percebo dois meninos no bar, circulando pelas mesas, tentando vender artesanato. Apenas eu os vejo? Alucinação. Ou todos os ignoram? Encosto-me num poste e observo os meninos. Um garçom me observa. Atitude suspeita. Seus traços... o artesanato, são índios. Aproximam-se e mostram o artesanato, logo saem, aparentando acostumados ao menosprezo. Fico triste ao vê-los em tal situação. A rua me sufoca. Um homem, sentado à mesa com um amigo, chama os meninos, conversa rapidamente e indica cadeiras para eles sentarem. Fico alerta, preocupada. O garçom se aproxima da mesa, o homem faz um novo pedido. Volta a conversar com seu amigo na mesa, volta e meia pergunta algo para os meninos, que respondem com acenos de cabeça ou monossílabos. Sempre olhando para o chão. Estou alerta. O garçom continua me observando. Acendo outro cigarro.
O garçom retorna à mesa, na mão duas sacolas com lanche e refrigerantes, entrega aos meninos. Estes pegam seus lanches e olham para o homem. Nada dizem. Não precisam, em seus olhos gratidão, não pela comida, mas por terem sido percebidos. Abaixo minha cabeça. Olho meus pés, e penso em nosso mundo, a caridade, de tão rara, torna-se suspeita. Os meninos andam em minha direção, passam por mim, sempre de cabeça baixa. Sigo-os com os olhos. Param logo em seguida, sob a marquise, logo atrás de mim, seus pais e mais um irmão no colo de sua mãe. Não os vi. As crianças entregam as sacolas aos pais. A comida é dividida.
Continuo minha caminhada, dividida entre a esperança, no gesto daquele homem e o medo de uma possível cegueira para as dores do mundo. O garçom me observa.

Isadora



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Febre

Meu corpo está quente... quente... quente... fecho os olhos e durmo... sonhos... sonhos ruins... quentes... eu fujo... eu persigo... choro... quente... imagens pegajosas em minha memória... perdas, fracasso, derrota em meus sonhos... choro o dia de hoje... suo... a febre insistente me expõe... revela minha covardia... meu corpo ta quente... a febre... será a febre? Olho o mundo ao meu redor e não o vejo... só vejo dentro de mim... estou cansada de olhar dentro de mim... me disseram: loucos são assim... sou louca? O que é a loucura?... você sente mesmo a minha dor?... suo... quente...
Anna

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Nervuras




Meus nervos estão expostos,
sinto tua dor.
Alícia



sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Último Dia

Ouvir as pessoas é isso que faço num bar. Desabafos? Não, não. Sento, ouço o burburinho, desconexo, livre, entremeado de risos e murmúrios, ora cúmplice, ora indiscreto. Deixo o labirinto de sons me tomar, até que uma voz se sobressaia e me conte sua história.

Foi assim que conheci Diego, logo após a ‘grande tragédia de 2008’, em uma mesa de bar contando sua história, seu grande momento na vida.

Os amigos, em silêncio solene, não por respeito, mas tomados por um estranho sentimento de inveja, uma mesquinha vontade de terem sobrevivido heroicamente a tragédia, e não em suas casas em frente a televisão. Oportunidade rara que passou por eles. Mas não para Diego, que com gestos teatrais conta como sua noite de domingo foi interrompida por uma enorme explosão que estilhaçou as janelas de sua casa. O susto o paralisou por segundos, mas percebendo o perigo, saiu correndo, conduzindo sua mãe pra longe, deixando para trás a televisão ligada no ‘Fantástico’, faz disso um momento de suspense. Não deve ter sido fácil abandonar o ‘show da vida’ para fugir da morte, perder seus minutos de inércia, deixar de preencher seu vazio interior com a programação televisiva.

Fora de casa se depara com a chuva torrencial e uma enorme labareda que subiam aos céus, o calor era insuportável. Diego faz uma pausa em seu relato, suspende o assunto, toma um gole de cerveja, baixa os olhos, feições sofridas e continua.

O calor e a chuva os impulsionam para frente, para a mata longe das labaredas. Não seria o medo, o desespero que o fizeram correr. Não. Heróis não tem medo.

Seu guia, uma antena televisiva no alto do morro. O fogo ficando para trás e a antena acenando como salvação. Nesse momento tinha certeza que o mundo estava chegando ao fim, e mesmo assim continua sua corrida pela mata, a chuva o cegando, os galhos o arranhando e o cansaço o consumindo. Uma fenda se abre ao seu lado, barro e pedras rolaram. Parou, olhando a fenda e não entende como não ficou embaixo daquele barro, como não deslizou para dentro da fenda. O mundo estava acabando, naquela hora ele teve certeza que foi um dos escolhidos para sobreviver. A menção, da certeza de que sobreviveria ao caos, fez seus amigos olharem para baixo, remexerem-se em suas cadeiras, preteridos novamente.

Ao chegarem em local seguro, só restou esperar. Seu carro, sua casa, seu computador ficaram para trás. Sua vida ficou para trás, mas ele não hesitou em correr, abandonar tudo. Seus amigos dão tapinhas em suas costas. Ele foi um herói. Deixou tudo para trás.

Encerrada a aventura de Diego, o futebol, a danceteria e o trabalho levam a conversa por caminhos já percorridos, monótonos, sem fogo, barro, estilhaços ou chuva. Os amigos relaxam o corpo, voltam a sorrir e contam suas aventuras no jogo de futebol que Diego não pode ir, tornam-se heróis agora. Míseros heróis do dia-a-dia.

Por que você foi escolhido?
Por sua rotina de trabalho, futebol, danceteria, namoro e inércia, seus amigos o esqueceriam em um ano, talvez sua família lembraria um pouco mais. No trabalho logo seria substituído. Afinal, a máquina não pode parar. Por que parar por tua causa? Por mim, ou por seus amigos?

O que restaria?
Um nome, uma lápide que jaz suja, puída e, por fim esquecida. Percebes que poderia ter sido seu último dia? E o que você fez além de seguir em frente, correr para o nada. Sua aventura, sua fuga na noite foi só a repetição de sua vida, uma corrida sem rumo para longe do fogo, da chuva, da vida.
Está valendo a pena?


Isadora

domingo, 4 de janeiro de 2009

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Exercícios de Pintura: Natureza Morta




Para vivermos, é preciso que eles morram?
O que dizem? Morreu, acabou!
Agora, segunda morte por minha câmera.
Restou apenas seu espectro, desbotando, sumindo.
Esquecido.
Alícia